Do Rio Douro ao Lago Niassa - Confidências de um Pescador/Marinheiro

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sábado, 15 de janeiro de 2011

Na morte de Vitor Alves

Pertencia áquele grupo de homens a quem devemos o viver hoje em liberdade e democracia. Para as gerações mais novas, isto parece um dado tão adquirido que nem lhe passa pela cabeça que alguma vez pudesse ter sido doutra maneira.
Mas foi. 
Durante muitos anos.
Até que um dia estes homens decidiram arriscar tudo- vida, liberdade, carreira, saúde, familia-em nome de um sonho que, com desvios e loucuras, erros e recuos, ainda é o que hoje nos mantém vivos e actuantes.
Esta é uma dívida que nunca poderemos pagar-nem eles estavam à espera disso.
Mas é muito triste descobrir como as pessoas tem a memória curta.
Atirada a notícia para rodapé dos telejornais- que se enchiam e ainda enchem do assassínio de Carlos Castro em Nova Iorque, com direito a um rol de jornalistas em directo, e em entrevistas a meio mundo.
Mas Vitor Alves não se meteu em escândalos, não morreu num hotel de luxo em Nova Iorque, não alimentou crónicas cor-de-rosa, nem sequer pertencia ao jet-set.
Pecados por demais suficientes para o atirar para o limbo dos que não merecem mais que uma breve evocação. Mas se calhar é aí que ele fica bem-ao lado dos que deram tudo pela pátria, e que a pátria, vergonhosamente, esqueceu.